segunda-feira, 25 de julho de 2011

Marina e a hora de ser sonhático

Antônio Medeiros


Para aonde vão, em 2012, 2014 e depois, os milhares e milhões de eleitores, no Brasil e no Espírito Santo, que votaram pela Terceira Via com Marina Silva no ano passado ? No seu discurso de desfiliação do PV, recentemente, a ex-senadora declarou: “não é hora de ser pragmático, é hora de ser sonhático e de agir pelos nossos sonhos”. E, assim, saiu temporariamente de cena e foi tirar férias para descansar com a família.

Estrela do primeiro turno das últimas eleições presidenciais no Brasil, Marina Silva resolveu ficar neutra no segundo turno daquelas eleições e, depois, tombou diante do caciquismo do PV. Foi escanteada pela máquina partidária e aí resolveu sair do PV. Aparentemente, deu um passo atrás para dar dois à frente sem seguida. Ou não? É uma incógnita.

Outro dia, apoiadores de Marina reuniram-se em um espaço cultural da Vila Madalena, em São Paulo, em evento chamado de “Terça-Feira Sonhática”. O encontro foi organizado pela internet e foi divulgado pela ex-senadora no Twitter. Seu objetivo era discutir uma nova forma de fazer política. Um público eclético que criticou o caciquismo dos partidos políticos. E que planeja lançar um movimento entre agosto e setembro, deixando para 2012 a eventual criação de um novo partido.

Lá atrás, tanto aqui como na Alemanha, o PV foi resultante de um movimento. O Movimento Verde. Mas aqui o PV tornou-se uma máquina partidária oligárquica, como vários outros partidos brasileiros. Agora, Marina Silva aparentemente pretende criar um novo movimento e, depois, um novo partido. Suscita, assim, uma série de indagações.

Muitas dúvidas. Sem partido e sem estrutura, terá Marina Silva estofo para articular um Movimento Sócio-Político de âmbito nacional pelo desenvolvimento sustentável , pelas mudanças climáticas e pela “sonhática” da nova sociedade do novo milênio? Terá recursos para divulgar idéias,construir programas,articular movimentos,desencadear ações nas instituições e na sociedade? Saberá utilizar as ferramentas da internet e do ciberespaço para articular comunidades virtuais?Que alianças vai fazer?

Estas e outras indagações são muito relevantes na presente quadra da vida política brasileira.É importante saber para aonde vai Marina Silva. Depositária de sonhos e esperanças em 2010, ela abriu uma fresta para uma Terceira Via na política brasileira. Tudo isto vai fenecer? Esta fresta se fechará? A Terceira Via vai desembocar no PSD?São muitas as indagações.

Não se sabe bem se a Terceira Via da política brasileira tem ou teria mesmo o “tamanho” dos 20 milhões de votos de Marina Silva no primeiro turno das eleições presidenciais de 2010. Mas que ela – a Terceira Via – tem forte atração político-eleitoral, lá isto tem. O PSD vai ocupar uma parte deste espaço político? Trata-se,como se sabe, de uma espaço que tem, no eleitorado, a eclética presença tanto de setores da “antiga” classe média brasileira, quanto de setores das “novas” (assim chamadas) classes médias.

Da mesma forma, não se sabe bem se, no caso do Espírito Santo, esta Terceira Via tem ou teria o “tamanho” dos 506 mil votos (26.3% dos votos válidos) que Marina Silva teve no estado. Mas que esta Terceira Via também tem forte atração político-eleitoral no Espírito Santo, lá isto também tem. Para aonde vão estes votos potenciais em 2012 e, principalmente, em 2014?

Por enquanto, voltando à Marina Silva, resta aguardar os seus próximos movimentos para saber se a sua liderança política vai mesmo fenecer ou se ela saberá ressurgir a partir do ciberespaço. Aliás,(muito) poucos políticos brasileiros estão sabendo lidar com a importância do ciberespaço...

terça-feira, 19 de julho de 2011

Marina Silva promove terça-feira sonhática em São Paulo




A ex-senadora e ex-candidata a presidente Marina Silva anunciou pelo Twitter que vai promover nesta terça-feira um encontro com lideranças políticas, cujo objetivo será o debate sobre "uma nova forma de fazer política.

O evento, que ocorrerá em São Paulo, é entitulado "Terça-feira sonhática", em alusão a uma frase que a ex-senadora mencionou durante sua despedida do PV. "Não é hora de ser programática, é hora de ser ′sonhática`", disse ela na época.

O encontro é promovido por lideranças do PV paulista, como o ex-presidente do partido em São Paulo, Maurício Brusadin, e deve traçar diretrizes para o movimento político que Marina Silva pretende encabeçar. A ideia é que, no futuro, ele dê origem a um partido político.

Do Estado de Minas

terça-feira, 12 de julho de 2011

“Não vou fazer as coisas pensando em ser candidata”, afirma Marina Silva

Em entrevista, ex-senadora fala sobre a saída do PV e sobre próximos passos

Do R7, com Jornal da Record News

A ex-senadora Marina Silva, que deixou o PV recentemente, afirmou em entrevista que ainda não sabe se formará um novo partido e nem se disputará as próximas eleições.

- Eu não vou ficar na cadeira cativa de candidata à Presidência da República. Quero contribuir para que a questão da sustentabilidade ambiental, econômica, social e política seja relevante. Se for relevante, o candidato surgirá para essa proposta e eu quero estar junto. Se vai ser eu, sinceramente não sei.

Marina diz que não vai “fazer as coisas pensando em ser candidata, senão não teria saído do PV agora”. Nas últimas eleições, ela teve 20 milhões de votos para a Presidência da República e levou a disputa para o segundo turno.

Na última semana, ao lado de aliados e simpatizantes, Marina anunciou ainda o pré-lançamento de um novo "movimento político" pelo "verde e pela cidadania", que deve contar com integrantes de quase todos os Estados brasileiros.

Em entrevista ao Jornal da Record News, a ex-senadora discutiu a importância dos partidos na nova política. Segundo ela, há um descolamento entre o que quer a sociedade e como agem os partidos e seus representantes. Ela criticou a reforma política como está sendo discutida agora.

- A gente tem que pensar o sistema político como um todo. A reforma política não pode estar separada de uma profunda avaliação do que está acontecendo na política no mundo e no Brasil. A política está sendo transformada pelos meios modernos de comunicação.


domingo, 10 de julho de 2011

Marina Silva busca fórmula para não submergir

LAíS CAMARGO


Depois de sair candidata à presidência pelo Partido Verde, Marina Silva deixou o partido na quinta-feira. Agora, pela primeira vez em 30 anos está sem partido e reconhece que deve perder visibilidade.

O problema preocupa aliados da ex-presidenciável, que planeja fundar uma sigla para concorrer novamente ao Planalto em 2014.

"Temos que abaixar a ansiedade com essa coisa de ser visto. Não vou ficar com uma melancia no pescoço, fazendo cambalhota para ser vista", disse Marina à Folha.

Ela deixou claro que continuará a militar na área ambiental em Brasília, mesmo após romper com o PV.

"Vou entrar nas causas que são importantes e justas, mesmo que sejam causas perdidas", disse, citando a luta contra as mudanças no Código Florestal. "Estou nessa agenda há muito tempo e jamais deixaria de estar por não ter a certeza do sucesso."

Sem gabinete, Marina quer usar órgãos ainda incipientes, como o IDS (Instituto Democracia e Sustentabilidade) e o fórum de ex-ministros do Meio Ambiente, para dar respaldo institucional às suas aparições públicas.

O Instituto Marina Silva, que segundo ela será dedicado a ações de educação ambiental, ainda não tem sequer uma sede própria.

"É algo pequeno, como uma tenda. As pessoas não conseguem entender isso. Depois de ter 20 milhões de votos, acham que você deve ir para uma torre, um palácio. Eu estou indo para uma tenda, uma coisa modesta."

Messianismo

Após criticar todos os partidos no ato que marcou sua saída do PV, anteontem, Marina demonstrou incômodo com as críticas contra uma suposta tendência messiânica --que ela descreve como um "rótulo" a evitar.

Mas afirmou ter dificuldade em "administrar o carisma" com os seguidores.

"A coisa mais difícil que tem é administrar o carisma. Porque as lideranças carismáticas podem pensar que podem tudo. E isso é uma ilusão, não podem. A melhor forma é saber que o carisma não deve ser usado de qualquer forma", disse. "As lideranças carismáticas, messiânicas, talvez tenham cumprido um papel na História."

Em outro momento da entrevista, Marina, que foi a única presidenciável evangélica em 2010, citou lição de Jesus Cristo sobre o tema.

"Jesus nunca se deixou aprisionar pelas armadilhas nem do seu carisma nem do seu poder", afirmou.

A ex-senadora sugeriu que seu "sofrimento" por abandonar o PV foi menor do que o da saída do PT, em 2009. "Seria hipocrisia dizer que foi maior agora. São sofrimentos diferentes", disse.

Ao ser questionada sobre os novos capítulos do processo do mensalão, ela ficou com os olhos marejados e disse estar "triste" com o pedido de prisão para ex-colegas de sigla como o ex-ministro José Dirceu (Casa Civil).

Com informações da Folha

Fonte:Correio do Estado