Postado em 14/05/2010 por Equipe Marina
Categoria(s): Eco
Discurso de deputado estadual Paulo Davim feito em Natal (RN), dia 11 de maio, durante a entrega do título de cidadã natalense para Marina Silva.
Entre de título honorário à Marina Silva
Hoje vivo um momento singular como cidadão e como político. E não poderia ser diferente: pela ocasião e, sobretudo, por quem essa Casa Legislativa homenageia. Aliás, tenho sérias dúvidas de quem está sendo homenageado, se é a Maria Osmarina Marina Silva Vaz de Lima ou o povo potiguar, que adota exultante, esta brasileira, exemplar e inspiradora.
Se a mim fosse solicitado apontar um exemplo do nosso povo, lançaria mão das inestimáveis observações antropológicas do saudoso professor Darcy Ribeiro, e concluiria que este exemplo se personifica na pessoa da brilhante senadora Marina Silva.
Nascida em uma “colocação” – chamada Breu Velho, no Seringal Bagaço, a 70 quilômetros do Centro de Rio Branco, capital do Acre; segunda filha mais velha dos 11 filhos do seringueiro Pedro Augusto e Maria Augusta da Silva. E como todos sabemos, teve uma infância difícil. Como milhares de jovens conviveu com a fome; como milhares de jovens, conviveu com a doença; como milhares de jovens, viveu na escuridão do analfabetismo até a adolescência e, como milhares de jovens, também sonhou. Porém, como poucos, fez do seu sonho a máquina de propulsão de vida. E fez da sua vida um exemplo para milhares.
Desde sempre, abraçou a floresta como se sua casa fosse. E disse ao mundo da importância da sua preservação. Superando as dificuldades e seus próprios limites, Marina Silva em poucos anos saiu do analfabetismo para os bancos da Universidade Federal do Acre, onde graduou-se em História. E mais recentemente pós-graduou-se em Psicopedagogia.
Começou sua trajetória política em 1984, quando fundou a Central Única dos Trabalhadores (CUT) ao lado do lendário Chico Mendes. Mas sua vocação política foi despertada ainda na militância estudantil, se estendendo nas lutas sindicais e não mais parou, passando a conquistar o reconhecimento e a confiança das pessoas. Em 1988 foi eleita a vereadora mais votada da Câmara Municipal de Rio Branco, para depois ser consagrada da mesma forma, a deputada estadual mais votada no Acre, em 1990. Já no final do primeiro ano daquele mandato começou um longo período de sofrimento e instabilidade com sua saúde, que se agravou, seqüela dos tempos dos seringais – numa época em que foi contaminada por metais pesados. Contudo, a enfermidade não arrefeceu seu espírito público e idealista e, mesmo debilitada foi eleita a senadora mais votada do Acre – e a mais jovem do Brasil – em 1994. Como todos podemos ver, a força vital dessa mulher é encantadora e capaz de superar os mais desafiadores obstáculos.
Ao assumir o cargo de ministra do Meio Ambiente, em 2003, deixou claro o compromisso inquebrantável com o meio ambiente, com o desenvolvimento sustentável, o respeito aos povos indígenas, às áreas de conservação e preservação e a biodiversidade. Tornando-os marcas indeléveis na sua gestão.
Falar em Marina Silva é caminhar sobre senso comum. Haja vista o reconhecimento nacional e internacional dessa mulher. Cito, por exemplo: o jornal britânico The Gardian, que considerou Marina Silva como uma das 50 pessoas mais influentes com condições para ajudar a salvar o planeta; das Nações Unidas (ONU) que recebeu em 2007 o “Champions of the Earth”, maior prêmio da área ambiental daquele órgão internacional. Como senadora também recebeu das mãos do príncipe Philip da Inglaterra, em Londres, a Medalha Dug de Edimburgo, em reconhecimento à sua trajetória e luta em defesa da Amazônia brasileira; no ano passado, recebeu ou Prêmio Sophie por seu trabalho em Defesa do Meio Ambiente, oferecido pela Fundação Norueguesa de mesmo nome.
Sabe, senadora, o nosso povo tem uma tradição de reconhecer os valores da mulher. O Rio Grande do Norte é berço histórico dessas conquistas. Quase sempre muito árduas. Cito a índia guerreira de espírito libertário, Clara Camarão, companheira do índio Poti; como não registrar também o desejo democrático de Celina Guimarães, com o primeiro voto feminino do Brasil, em 1927; a coragem e o desprendimento de Alzira Soriano, primeira prefeita eleita em 1928, no município de Lajes. Portanto, assente-se a esta galeria de grandes mulheres potiguares.
Marina Silva, está justificada a minha dúvida de quem estaria sendo homenageado na tarde de hoje? Diria até que não tenho mais dúvidas. Estou convencido que a homenagem e a honraria recebemos nós potiguares com sua honrosa presença, com co-cidadã.
Senadora, a sua história e o seu exemplo, são grandes demais para se restringirem a uma região. Não queremos que vossa excelência seja apenas a “Dama da Floresta”.Queremos que também seja a Dama do Serrado, a Dama da Caatinga, a Dama dos Pampas, a Dama do Litoral e, se Deus quiser a Dama do Planalto.
Que Deus a abençoe. E continue deixando nos seus caminhos as sementes a serem colhidas pela posteridade.
Muito obrigado.
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