sábado, 8 de maio de 2010

Especial: 15 minutos com a pré-candidata Marina Silva

A entrevista "exclusiva" foi feita por telefone; a agenda em Ribeirão Preto estava cheia. Como no caso de Dilma Rousseff (na semana passada), foi uma conversa com o tempo contado.
Hélio Pelissari


Foto: F.L.Piton / A Cidade
Postura clara e discurso forte e agregador, numa figura de aparência frágil

Ela é uma figura pequena, esguia e extremamente discreta. No dia em que visitou Ribeirão Preto, no feriado de 1º de maio, a senadora Marina Silva, pré-candidata do PV à presidência, vestia um terninho preto com um único adereço: um colar artesanal, de cor palha, que se destacava sobre a roupa. No dedo, um anel com uma inscrição reveladora: Jesus. Mulher de fé cristã, pensou até em ser freira - uma das muitas facetas de uma personalidade forte, apesar da aparente fragilidade física.

Marina visitou usinas da região e foi à Câmara Municipal, para um encontro promovido pelo PV, acompanhada dos pré-candidatos ao governo do Estado Fabio Feldman e do pré-candidato ao senado, o empresário Ricardo Young. A senadora estava com a imprensa, alguns assessores e dois pré-candidatos do partido na cidade, o vereador Gilberto Abreu e o ex-assessor da prefeitura Marcos Papa. Leia a seguir parte da entrevista:

Hélio Pellissari - A senhora saiu de um acampamento de seringueiros, no interior do Acre, participou das lutas em defesa dos seringueiros junto com Chico Mendes, entrou para a política e chegou ao Senado e ao Ministério do Meio Ambiente. Agora disputa a presidência da república. Valeu a pena tudo isto? Como a senhora vê a sua candidatura?

Marina Silva - Sim, é claro que valeu a pena, principalmente por colocarmos no debate político discussões como meio ambiente, sustentabilidade, desenvolvimento com responsabilidade social e qualidade de vida. As pessoas têm receio de colocar essas questões como parte de uma mesma equação e tratam a discussão do meio ambiente como um entrave para o desenvolvimento. Existe no Brasil um acúmulo de mais de 30 anos na luta socioambiental, que está se integrando agora. Meio ambiente e desenvolvimento fazem parte da mesma moeda, é algo que deve ser integrado. Na minha visão, no Brasil o tema meio ambiente deve permear todas as ações do governo federal. Quando estive no Ministério do Meio Ambiente obtivemos inúmeras conquistas, como a redução do desmatamento na Amazônia e a ampliação das áreas de proteção ambiental, o que foi um avanço.

Hélio - A senhora acha que existem riscos nestes avanços?

Marina Silva - O Plano de Combate ao desmatamento foi elaborado por mim e pela minha equipe. Em 2003 nós chegamos, o desmatamento estava aumentando e trabalhamos para que tivéssemos um plano baseado em três pilastras: Combate às práticas ilegais, apoio às atividades produtivas sustentáveis e ordenamento territorial e fundiário. Conversei na época com o Ministro José Dirceu (PT), disse que um programa desse não poderia ser implementado somente pelo Ministério do Meio Ambiente e articulamos 13 ministérios coordenados pela Casa Civil para implementar o plano. Eu funcionei como coordenadora executiva do plano, nos primeiros três anos tivemos uma queda de 57% do desmatamento. Para isto tivemos que prender 725 pessoas, desconstruir 1.500 empresas ilegais e inibir 35 mil propriedades de grilagem, aplicar R$ 4 bilhões em multas, apreender 1 milhão de mt³ de madeira, que equivale um caminhão atrás do outro, de São Paulo ao Rio de Janeiro. Todo este trabalho fez parte das ações pelas quais eu saí do governo. Porque quando ameaçaram revogar as medidas eu pedi para sair do governo, e ao sair a sociedade brasileira não apoiou os que queriam revogar as medidas. Naquele contexto, a sociedade se levantou, e o presidente Lula, que estava tendendo a revogar as medidas, as manteve.

Fonte: A Cidade

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