quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Flertando com o eleitor

Havolene Valinhos
Do Diário do Grande ABC

O horário eleitoral gratuito começou ontem e como era de se esperar se viu de tudo. Para conquistar a simpatia do eleitor, candidatos recorreram ao humor, ao protesto, à emoção. A lista de estratégias de convencimento não cessou nos 25 minutos destinados aos presidenciáveis e outros 25 aos deputados federais que foram ao ar às 13h e 20h30.
Nos sete minutos e 18 segundos direcionados à sua coligação, o presidenciável tucano, José Serra, buscou atrelar sua imagem a de menino humilde que venceu na vida por meio do esforço e do estudo. Para ilustrar a vida de dificuldades valeu até bairro pobre ao fundo. O candidato também pegou carona na popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Na tentativa, saiu até samba. "Quando o Lula da Silva sair é o Zé (José Serra) que eu quero lá. Sai o Silva e entra o Zé." Também foi destacada sua experiência administrativa como prefeito, governador de São Paulo e Ministro da Saúde.
Nos 10 minutos e 38 segundo destinados à coligação da candidata Dilma Rousseff (PT), houve música suave ao fundo e roupa sóbria. Ela comentou trechos de sua biografia desde a infância, o incentivo dos pais para a Educação, a entrada na universidade, a luta na ditadura e o período em que ficou presa. "A arte de você aguentar uma cadeia é viver uma cadeia." Lula enfatizou por vezes as qualidades da pupila. Houve preocupação de mostrar equilíbrio entre mulher emocional e racional. Dilma ressaltou seu papel de mulher, amiga, mãe, mas sem deixar de lado a firmeza em busca de seus objetivos profissionais e ser bem-sucedida em todas as áreas da vida. Até seu ex-marido entrou em cena para elogiá-la. A petista disse se sentir preparada para ocupar o cargo máximo do País. No segundo horário da TV, o PT adotou linha de conversa entre Dilma e Lula mostrando avanços no País. E finalizou com música para Dilma. "Meu povo ganhou uma mãe que tem coração que vai do Oiapoque ao Chui."
Já a candidata do PV, Marina Silva, só pareceu nos últimos dez segundos de seu um minuto e 23 segundos. Grande parte do tempo foi ocupado por imagens de catástrofes naturais e a narrativa da verde fazendo discurso de desenvolvimento sustentável. "Precisamos parar ciclo de destruição. É possível desenvolver sem destruir."
Plínio de Arruda Sampaio (Psol) aproveitou seu um minuto e um segundo para mostrar biografia por meio de fotos. Os demais pleiteantes com 55 segundos cada tiveram que fazer malabarismo. Rui Costa Pimenta (PCO) classificou a eleição atual como de "cartas marcadas para capitalistas como Dilma e Serra." Zé Maria (PSTU) pediu ajuda para "furar bloqueio do pouco tempo na TV." Na propaganda de José Maria Eymael (PSDC) o grande destaque foi seu tradicional jingle. Levy Fidelix (PRTB) disse que será "voz da população" e Ivan Pinheiro (PCB) que "o Brasil só mudará com revolução."
Nos 25 minutos para os candidatos a deputados federais figuras curiosas como o humorista Tiririca (PR) roubaram a a cena. "Vote no Tiririca. Pior que tá não fica. Na realidade, o que faz um deputado federal eu não sei, mas vote em mim que te conto."
Candidatos focam temas diferentes no 1º dia de propaganda na TVO início da propaganda eleitoral gratuita na televisão e no rádio mostrou o foco dos principais candidatos à Presidência nesta eleição e como o departamento de marketing das campanhas vai trabalhar a imagem dos concorrentes, bastante modificada para atrair o eleitor.
Enquanto a campanha de Dilma Rousseff (PT) focou na história de vida da candidata e na relação com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a de José Serra (PSDB) tentou colar no tucano a imagem de humilde e experiente.
Já Marina Silva (PV) se apresentou como terceira via e praticamente abdicou do pouco tempo de propaganda para tratar, ao invés da imagem pessoal, dos problemas ambientais do planeta, regionalizados para o Brasil.
A verde só apareceu no fim do comercial, se apresentando como candidata, mas sem pedir votos ou falar de propostas - o que gerou comentários na internet de que o vídeo parecia mais um documentário do que propaganda eleitoral.
Para o professor de Marketing da UNIP (Universidade Paulista), Joaquim Ribeiro, Marina não se "vestiu para a campanha". "Ela não parece preparada para o cargo. Se ela adotasse um corte de cabelo elegante, se ficasse mais alinhada, ia chamar atenção. Mas ela está arrumada do mesmo jeito que ia trabalhar", avalia.
Na opinião de Ribeiro, o contrário ocorre com a postulante do PT. "A Dilma mudou o visual. Colocou um terninho, ao invés das blusinhas. Isso mostra para o eleitor que ela veio decidida e está preparada para assumir o cargo", afirma.
A propaganda da petista a apresentou como a candidata do presidente Lula, o que, segundo especialistas, deve aumentar ainda mais os votos da ex-ministra, que aparece em 1º lugar isolada nas pesquisas.
Por outro lado, Serra tentou descolar a imagem de "elitista". Falou da origem humilde, do pai entregador de frutas e mostrou ações de seus governos nas áreas de Saúde e Educação. No fim, o jingle da campanha: "Quando o Lula sair, é o Zé que eu quero lá".
"A imagem de que ele vai continuar o governo Lula não parece sincera", opina Ribeiro. Para o professor de marketing, o tucano já está relacionado com a oposição ao petista e demorou para adotar esta tática. "Agora não vai mais pegar. Principalmente porque o Lula aparece na propaganda da Dilma dizendo que ela é a candidata dele", ressalta.
Para Walter Kaltenbach, diretor da Master Mind, empresa especializada em marketing pessoal, Serra e Dilma treinaram para ficar simpáticos. "Ambos são agressivos, o que atraía rejeição dos eleitores. Por isso, foram preparados para parecerem agradáveis e conciliadores", pontua. Segundo Kaltenbach, essa postura deve permanecer após a eleição se eles quiserem governar bem. (Raphael Di Cunto)
Fonte: Diário do Grande ABC

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