terça-feira, 26 de outubro de 2010

Silêncio do PV aumenta incerteza sobre destino dos votos de Marina

O silêncio da cúpula do Partido Verde (PV), da candidata à Presidência Marina Silva, terceira colocada no primeiro turno, aumentou a incerteza sobre o destino de seus 20 milhões de votos para o segundo turno, marcado para o próximo domingo.

O PV decidiu em sua convenção nacional não oferecer apoio nem à candidata do PT, Dilma Rousseff, nem ao tucano José Serra, para dar, em um termo utilizado pelo próprio partido, "independência" a seus eleitores.

Ao se posicionar de forma neutra, o PV motivou tantas especulações que nem os analistas políticos conseguem chegar a um acordo sobre as consequências eleitorais dessa postura.

Alguns especialistas consideram que a favorecida será a candidata do PT, porque Marina conquistou muitos eleitores de esquerda insatisfeitos com o partido ou que não gostam de Dilma, mas que se recusam a votar na oposição.

No entanto, outros analistas afirmam que o mais beneficiado pela neutralidade será o candidato do PSDB, já que o PV colheu muitos votos em cidades de classe média e alta que tendem à direita, como Brasília, única região na qual Marina foi a mais votada.

Apesar da neutralidade declarada oficialmente pelo PV, algumas figuras destacadas do partido, como o deputado federal e candidato derrotado ao governo do Rio de Janeiro, Fernando Gabeira, declararam apoio a Serra.

"A neutralidade beneficia principalmente o PV e Marina Silva, que deverá ser convocada (a integrar o Governo) por quem ganhar as eleições", opinou o cientista político Eurico Figueiredo, da Universidade Federal Fluminense (UFF), em entrevista à Agência Efe.

O professor considerou que o vencedor do pleito do próximo domingo buscará contar com a candidata derrotada por sua imagem de política séria vista no Senado e como ministra do Meio Ambiente no governo Lula.

"Marina Silva será obrigada a aceitar porque o partido a forçará e porque ela não terá um mandato", explicou Figueiredo, em referência ao fim do período de Marina no Senado, em janeiro próximo.

O analista advertiu, no entanto, que a senadora pode ter se equivocado em seu cálculo político ao se manter neutra, porque se Dilma vencer as eleições, como preveem as pesquisas, poderá se negar categoricamente a oferecê-la um Ministério por suas diferenças pessoais.

Marina, que durante anos foi membro do PT, saiu do Governo em 2008 pelas pressões às quais se viu submetida por parte da Casa Civil, então dirigida por Dilma, para que acelerasse a resolução de algumas questões ambientais relacionadas a vários projetos de infraestrutura.

Caso não consiga um posto no Governo, a senadora não ocupará nenhum cargo legislativo ou executivo nos próximos anos, e correria o sério risco de perder todo o capital político conseguido nestas eleições, como aconteceu com outros candidatos.

É o caso de Heloísa Helena (PSOL), também ex-integrante do PT, que foi a terceira mais votada nas eleições de 2006. Depois disso, foi eleita vereadora em Maceió (2008), e agora não foi capaz de conseguir uma cadeira no Senado por Alagoas.

As aspirações do PV de ser visto como uma "terceira via política" também dependem desse hipotético posto no Governo, já que nas eleições legislativas não teve um resultado tão satisfatório.

"A votação do Partido Verde foi irrelevante. Os votos a Marina Silva foram desproporcionais se comparados aos do partido, cuja mensagem não tem apelo no grande eleitorado", disse Figueiredo.

O PV contará com 15 dos 513 deputados federais que integram a Câmara, ou seja, apenas 3% do total, e não terão representação no Senado.

Fonte: TERRA

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