quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Campanha de Marina Silva foi paga por vice


BRASÍLIA - Dono de um patrimônio declarado à Justiça Eleitoral que soma R$ 1,19 bilhão, o empresário Guilherme Leal bancou sozinho quase metade de todos os gastos da campanha da senadora Marina Silva (PV-AC) à Presidência da República. Candidato a vice na chapa da verde, que ficou em terceiro lugar na disputa, com 19,6 milhões de votos, o proprietário da Natura despejou R$ 11,8 milhões na promoção da candidatura, o que representa 49,17% do total arrecadado por Marina (R$ 24,1 milhões).

A arrecadação de Marina, entretanto, é menor que o volume de recursos levantados por governadores eleitos no primeiro turno em grandes colégios eleitorais, como São Paulo e Bahia. De acordo com os dados finais da prestação de contas enviados ao Tribunal Superior Eleitoral, o governador eleito de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), arrecadou R$ 41,7 milhões, enquanto o governador reeleito da Bahia, Jaques Wagner (PT), obteve dos financiadores R$ 26,2 milhões.

Não fosse pela robusta participação do vice, a candidata derrotada do PV seguiria a mesma trilha dos demais candidatos no histórico das disputas eleitorais no Brasil: as empreiteiras seriam suas principais doadoras. Juntas, três grandes construtoras (Andrade e Gutierrez, Camargo Corrêa e Construcap CCPS) ajudaram a campanha da ambientalista com R$ 3,1 milhões, superando o aporte do diretório nacional do PV, que totalizou R$ 2,4 milhões. Do setor privado, a maior contribuição foi da Andrade Gutierrez, que pôs R$ 1,1 milhão na campanha.

Doações por cartão de crédito de R$ 169,2 mil

Marina também se destacou por inovar ao estimular doações pelo cartão de crédito, uma das novidades das eleições deste ano. Fez campanha pela internet e obteve um saldo até agora recorde: foram 2.831 doações por cartão de crédito, que somaram R$ 169,2 mil. O volume arrecadado pela presidente eleita Dilma Rousseff (PT) e por José Serra (PSDB) ainda não estão disponíveis, pois, como ambos disputaram o segundo turno, ainda têm até o final deste mês para apresentar suas contas de campanha.

Para garantir a vitória na disputa pelo governo de São Paulo no primeiro turno, com o apoio de 11,5 milhões de eleitores, Geraldo Alckmin (PSDB) seguiu a tradição nacional e obteve com seis empreiteiras - Camargo Corrêa, OAS, Constram, Egesa, UTC e Andrade Gutierrez - R$ 6,4 milhões dos R$ 41,7 milhões arrecadados por sua campanha. Ou seja, as seis construtoras responderam por cerca de 15% da receita. Todas disputam ou são detentoras de contratos polpudos com a administração pública.

Principal doadora individual, a Camargo Corrêa deu à campanha de Alckmin R$ 2,5 milhões. A empreiteira é uma das vencedoras das licitações, orçadas em R$ 5 bilhões, para a construção da linha 5 do metrô de São Paulo. O processo foi suspenso na semana passada, após denúncias de combinação de resultados. Constran, OAS e Andrade Gutierrez também amealharam participação na empreitada sob suspeita.

Para a campanha de Alckmin, outros R$ 8,6 milhões saíram dos cofres do diretório estadual do PSDB.

Reeleito com 62% dos votos válidos, o governador da Bahia, Jaques Wagner (PT), declarou R$ 26,2 milhões em receitas. Três construtoras donas de contratos públicos no estado foram as maiores contribuintes da campanha, respondendo por um quinto do montante.

Maior doadora, com repasses de R$ 2,4 milhões, a UTC Engenharia constrói em São Roque do Paraguaçu, no Recôncavo Baiano, plataformas para a Petrobras, uma delas orçada em R$ 1 bilhão. Na região, o governo do estado pretende implantar o maior estaleiro do país. A empresa é parceira da OAS, que desembolsou R$ 1,5 milhão para eleger o petista e é dona de outros contratos com o governo.

Fonte: O GLOBO

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