quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Marina Silva: votar Código Florestal seria 'esquizofrenia'

CLAUDIA ANDRADE
Direto de Cancún

A ex-ministra do Meio Ambiente e senadora pelo Acre Marina Silva afirmou nesta terça-feira (7) que votar o Código Florestal na Câmara dos Deputados esta semana seria "esquizofrenia". "Isso faria um estrago muito forte para o governo e o Congresso. Seria uma esquizofrenia, porque mostraria que enquanto o Brasil está avançando para fora há um movimento refratário para dentro".

A senadora conversou com os jornalistas durante a 16ª Conferência do Clima das Nações Unidas (COP-16), em Cancún, no México. E comentou uma movimentação que estaria ocorrendo no Congresso Nacional para apresentação de um pedido de urgência para votação do projeto pelos deputados.

Questionada sobre o que incentivaria essa movimentação exatamente quando as atenções do mundo estão voltadas às questões ambientais, por conta da COP-16, a senadora afirmou que pode ser uma tentativa de aproveitar o "fator surpresa". "Teria o efeito de dizer: 'olha, o que vale aqui (no Congresso) não é o que vocês estão gritando lá'."

Marina Silva disse que o processo eleitoral deste ano - do qual ela fez parte abocanhando uma fatia significativa dos votos no primeiro turno - "ecoou positivamente para o Brasil" internacionalmente.

Na avaliação da ex-ministra, o País teria se descolado do grupo de nações em desenvolvimento que é visto como atrasado nas ações de redução de emissões de gases de efeito estufa. "A química agora é diferente e isso não está relacionado a uma pessoa, mas a todo um processo."

A preocupação com a votação do código está ligada a um possível retrocesso nesse sentido. "É preciso uma operação para que a base do governo não ponha em votação. Porque isso iria comprometer as metas (de redução de emissões) do Brasil. Seria como dizer que elas são aprovadas, mas não cumpridas".

A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, também comentou a discussão do Código Florestal no Congresso e posicionou-se contra a votação. "Acho que é inadequado. A proposta ainda não está madura, a sociedade ainda quer discutir. Estamos trabalhando na direção de negociar, de aprimorar e permitir a votação de um texto que seja recepcionado por todos os brasileiros".

Redação Terra

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